Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


A professora que faz tudo pelo amor à arbitragem

No passado domingo fez-se história no panorama da arbitragem portuguesa. Pela primeira vez uma mulher arbitrou um jogo de seniores masculinos da III Divisão nacional de futebol, mais propriamente o encontro Bombarralense-Monsanto.
Chama-se Ana Raquel Brochado, tem 25 anos e há dez anos que anda nestas lides, apesar dos “mil e um sacrifícios” que já teve de fazer. Mas a verdade é que pegou no apito pela primeira vez apenas “por brincadeira”, mas até hoje não mais o largou.
Quem a conhece, diz que Ana Raquel é a “mulher dos sete ofícios”. “Faz tudo por prazer” e nem as imensas dificuldades em conciliar o amor à arbitragem com o resto da sua vida a faz desistir. A árbitra de Lisboa lecciona Educação Física numa escola secundária de Massamá, mas ainda dá aulas de ginástica e frequenta um curso de Fisioterapia. A isto, se juntarmos os treinos semanais para preparar os dois jogos por fim-de-semana (normalmente realizados em Sintra ou Estádio Universitário de Lisboa) dá ideia que Ana Raquel não tem tempo para mais nada na sua vida. É solteira e a sua beleza e elegância não passam despercebida no campo. Determinada e ambiciosa, a árbitra está satisfeita com o trabalho que realizou até aqui.
“A estreia foi muito positiva. Estou satisfeita com a minha carreira, abdiquei de muita coisa, mas consegui chegar aqui. Agora tenho de me consolidar na III categoria para depois pensar em outro voos”, afirmou Ana Raquel – que nem coloca a hipótese de desistir: “Agora já não vale a pena. E acredito que um dia, nós mulheres, teremos uma palavra a dizer no mundo da arbitragem”.
Quem a viu apitar no passado fim-de-semana em Óbidos não se cansou de a elogiar. Foi um jogo complicado em que a árbitra teve de recorrer por duas vezes ao cartão vermelho, mas nem isso fez com que Ana Raquel perde-se “a serenidade e a calma”. E segundo rezam as crónicas da Imprensa regional de Caldas da Rainha, a actuação foi “excelente” e a árbitra lisboeta “demonstrou grande postura”. Para casa, além do apreço de quase todos presentes no estádio, levou ainda uma medalha oferecida pela Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) e um ramo de flores. Tudo por causa do bom trabalho feito até ao momento no mundo da arbitragem.
Ana Raquel Brochado é uma lufada de ar fresco para uma arbitragem que vive momentos difíceis.

PERFIL
Ana Raquel Morais Pinto Brochado tem 25 anos, está na arbitragem há dez e no domingo tornou-se na primeira mulher a dirigir um jogo da III Divisão. Licenciada em Educação Física pela Faculdade de Motricidade Humana há quatro anos, Ana Raquel Brochado é solteira e uma apaixonada pela actividade física. A árbitra portuguesa destacou-se nos jogos do Mundialito de futebol feminino.

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