Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Fecho de escolas deixa professores sem colocação

É uma consequência directa: o fecho de 1500 escolas do 1.º ciclo fez disparar o número de professores sem turma para leccionar. Segundo dados do Sindicato de Professores da Grande Lisboa (SGPL), a 31 de Agosto, o Ministério da Educação ainda não tinha conseguido colocar 2964 professores dos quadros de zona pedagógica (QZP) - vinculados a uma área e não a uma escola. De acordo com os mesmos dados, foi dos distritos que mais escolas perderam que sobraram mais docentes.
Estes três mil fazem parte de um grupo mais vasto: há perto de 4500 professores de quadro - do pré-escolar ao secundário - ainda sem escola. Só que, para espanto destes, o ministério foi contratar dez mil docentes. Confrontado com os números, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, garantiu ontem que o ME fez menos 4500 contratações este ano e admitiu que há grupos de docência em que o número de professores nos quadros é maior do que as necessidades. E que é no 1.º ciclo que essa situação mais se verifica.
Só do QZP do 1.º ciclo de Vila Real - o distrito mais afectado pelo fenómeno do encerramento de escolas, com 267 das 487 escolas primárias a fechar -, há 329 professores afectos administrativamente e a aguardar colocação. São "horários-zero", com um ordenado pago pelo Estado, mas não têm escola onde trabalhar. E o mesmo acontece nos QZP de Braga e Bragança, onde 600 docentes ficaram por colocar.
"A esta altura, no ano passado, com excepção de Setúbal , todos os QZP do 1.º ciclo estavam colocados", garante Manuel Micaelo, do SGPL. "Não seriam sequer 500 os professores sem saber onde dariam aulas." Mais: "Além destes docentes de QZP por afectar há milhares de outros à espera de colocação por contratação." E há "um enorme descontentamento de docentes de QZP que foram colocados em vagas a 18 de Agosto e que viram outros menos graduados ficar melhor colocados a 31 de Agosto por erros do ministério."
Sem meias palavras, Manuel Micaelo assegura que "o ME não está a cumprir a lei". E cometeu um erro: "Quis mostrar serviço, anunciando as colocações de professores duas semanas antes, e acabou por fazer asneira grossa."

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