Estado apoia um terço dos alunos do privado
0 Comments Published by . on sexta-feira, setembro 15, 2006 at 12:50 da tarde.É matemática pura: um terço dos alunos que frequentam escolas privadas são apoiados pelo Estado. Segundo dados do Conselho Coordenador do Ensino Particular e Cooperativo, a que o DN teve acesso, cerca de 57 mil alunos frequentam gratuitamente escolas privadas e outros 47 mil recebem parte da mensalidade de acordo com os rendimentos auferidos pelo agregado familiar.
No total, havia, no ano lectivo 2004/2005, cerca de 312 mil estudantes a frequentar o ensino privado não superior. Mas 57 mil estavam em escolas que têm contratos de associação com o Estado - nos locais onde a rede escolar não chega e há escolas privadas, o Estado contrata os serviços do colégio para que os alunos possam estudar sem pagar. Além destes, o Estado ajuda ainda parcialmente 47 mil que, apesar das dificuldades, escolhem frequentar o privado. São, no conjunto, 104 mil alunos, do pré-escolar ao 12.º ano.
"Isto prova que o ensino particular não é só para elites", diz o presidende da Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), Rodrigo Queirós e Melo. E que, "apesar das tentativas dos sucessivos governos de reduzir o número de turmas das escolas em contrato de associação, o trabalho que é feito por estes colégios é importante". Tão importante que "muitas associadas da AEEP têm listas de espera". É que, "mesmo em locais onde, entretanto, o Estado conseguiu construir escolas públicas, os alunos querem ir para as particulares".
Para Rodrigo Queirós e Melo, não faz sentido que o Estado queira abandonar as escolas em contrato de associação. "Porque é que não há-de continuar a pagar aos colégios para fazer este serviço, se o investimento dá resultados?"
Mais baratos nos colégios
De acordo com o responsável, o custo médio aluno/ano no 3.º ciclo e secundário do ensino público em 2002/2003 foi de 3400 euros. Em contrato de associação, o custo foi de 3343 euros. "A diferença parece pequena, mas é enorme porque no custo do privado em contrato de associação estão incluídos 20% de encargos sociais - segurança social e Caixa Geral de Aposentações - bem como os custos das instalações."
No fundo, diz, "as privadas provam que metade da máquina do ensino público não é necessária". Sem magia, mas com estratégia: "A grande diferença entre privado e público é que no privado há uma capacidade de pensamento estratégico. Há elasticidade, flexibilidade."
Ali, defende, "não se pensa que a causa de todos os males são os professores." Aliás, "no ensino particular, não há professores péssimos durante muito tempo, porque se os alunos se queixam e os pais começam a tirar os filhos da escola, o colégio tem de agir."
Para o representante de cerca de 500 escolas privadas (das 2500 que existem no País), "outra coisa que o privado oferece é um corpo docente estável, que não sofre muitas alterações de ano para ano, o que permite que os alunos tenham o mesmo professor por vários anos."
A imagem de qualidade das escolas privadas não surge por acaso, avança. "O objectivo da escola privada são os alunos e os professores trabalham, com eles, pela excelência. No trabalho e nos resultados." Apesar disso, "os rankings são, para a associação, irrelevantes". É que "comparam o incomparável", porque "um colégio e uma escola em contrato de associação têm populações diferentes, o que significa que têm objectivos diferentes". Numa escola dentro de um bairro pobre, "o objectivo pode ser parar o abandono escolar e consegui-lo é o mais importante".
Para Rodrigo Queirós e Melo, "há bons professores no público, mas não há incentivos suficentes para que estes façam um bom trabalho". A escolha dos pais acaba, muitas vezes, por ser mais influenciada pelo poder económico (ver textos em baixo) do que pela vontade. No entanto, garante: "Há pais desesperados por inscreverem os filhos num colégio."
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