Professoras Desesperadas

"A Escola Profissional de S. João da Pesqueira (Esprodouro) não tem dinheiro para pagar a professores, funcionários e alunos". A denúncia é feita pelo ex-director do estabelecimento de ensino, Jorge Rocha, que revela que a escola estará numa situação difícil e com um saldo negativo que "já deverá andar próximo dos 500 mil euros". Jorge Rocha, assumidamente social-democrata, deixou de ser director da Esprodouro no passado dia 31. O ex-director disse que foi despedido pela Asdouro, associação que gere a escola, por ter anunciado que se iria candidatar à presidência do Município nas eleições autárquicas de 2009. Ou seja, "despedido por razões políticas".
A Asdouro - composta pela Câmara, Caixa de Crédito Agrícola e Associação de Pais (segundo o queixoso "não é tida nem achada para nada") - é presidida pelo actual autarca do PSD, Lima Costa. No final do mês passado, não quis justificar, ao JN, o despedimento de Jorge Rocha, tal como não quer agora comentar a alegada má situação financeira da escola. Garante apenas que continuará a "lutar pelo prestígio da Esproduro".
Dizendo-se com orgulho ferido, o ex-director da Esprodouro decidiu passar ao domínio público as dificuldades financeiras da escola. "Desagradou-me, sendo despedido, não ter auferido do vencimento de Agosto, bem como os duodécimos correspondentes ao subsídio de Natal", justifica. "Os alunos não receberam ainda o mês de Julho. Pessoal docente e não docente também não obtiveram qualquer valor relativo ao vencimento de Agosto", denuncia. "Há uma conta caucionada de 250 mil euros na Caixa de Crédito Agrícola que já está esgotada".
Não duvida que se está a criar um fosso que "antes nunca existiu". Ora, acontece que este fosso terá sido cavado durante a sua própria gestão Rocha, apenas concluída há duas semanas. Responsabilidades? "Se mas vierem pedir tenho o argumento válido que, desde Dezembro de 2005 até à minha saída, não houve reunião alguma entre a Câmara e a Caixa Agrícola".
Neste contexto, clarifica que "não houve aprovação de plano de actividades e orçamento, bem como do relatório de contas, pelo que a Asdouro é como que uma associação fantasma".
Apesar de ter deixado o comando da Esprodouro, Jorge Rocha acredita que a Câmara irá salvar a escola. Até porque estão a ser realizadas obras de manutenção do edifício que lhe serve de sede. "Espero que rapidamente resolvam a situação, pois o dinheiro faz falta a todos, e a mim também", conclui.