Professoras Desesperadas

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Exames Nacionais: Critérios de classificação da prova 138 (Português A)-12º Ano

Critérios da prova de Português A (138 - Curso Geral/ agrupamento 4) divulgados pelo Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação:

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO

GRUPO I
O comentário de um texto literário orientado por tópicos de análise visa avaliar as competências de compreensão e de expressão escritas. Ao classificar o comentário elaborado pelo examinando, o professor deverá observar o domínio das seguintes capacidades:

- compreensão do sentido global do texto;

- interpretação do texto através da identificação e da relacionação dos elementos textuais produtores de sentido, na base de informação explícita e de inferências;

- selecção diversificada de elementos textuais pertinentes e adequados ao desenvolvimento dos tópicos enunciados;

- identificação de processos retóricos/ estilísticos e de aspectos formais, com avaliação dos efeitos de sentido produzidos;

- relacionação do objecto em análise com o seu contextoM

- construção de um texto estruturado, a partir da articulação dos vários aspectos analisados;

- produção de um discurso correcto nos planos lexical, morfológico, sintáctico e ortográfico.

EXPLICITAÇÃO DE CENÁRIOS DE RESPOSTA
Os cenários de resposta que a seguir se apresentam consideram-se orientações gerais, tendo em vista uma indispensável aferição de critérios. Não deve, por isso, ser desvalorizada qualquer interpretação que, não coincidindo com as linhas de leitura apresentadas, seja julgada válida pelo professor.

Características atribuídas pelo sujeito poético ao "tu"

*O "tu" é caracterizado pelo sujeito poético como uma entidade:

- incorpórea, etérea, fugidia e nocturna, apresentando a configuração de uma entidade transcendente ("Espírito que passas", "Filho esquivo da noite", "Génio da noite" - vv. 1, 3 e 14);

- clarividente e compassiva, distinguindo-se pela capacidade excepcional de compreensão do drama íntimo do sujeito de quem é confidente ("Tu só entendes bem", "A ti confio o sonho", "tu entendes o meu mal", "Tu só [...] e mais ninguém" - vv. 4, 9, 12 e 14);

- reconfortante e balsâmica, apaziguando o sujeito ao proporcionar-lhe o "esquecimento" do seu "tormento" interior ("Sobre o meu coração que tumultua,/ Tu vertes pouco a pouco o esquecimento" - vv. 7-8);

*Descrição do estado psicológico do "eu"

Debatendo-se com um profundo e doloroso conflito emocional, ciente do seu isolamento, o sujeito poético busca consolo na atmosfera tranquila da noite ("quando o vento/ Adormece no mar e surge a lua" - vv. 1-2). Atormentado, dirige-se à noite-confidente (o "Espírito" que passa, "Filho esquivo da noite"), a qual não só compreende a sua dor, como a apazigua, fazendo descer o "esquecimento" sobre o seu "coração" tumultuado. A serenidade daqui resultante vai-se instalando progressivamente

("pouco a pouco") e o "eu" confia à entidade que interpela (o "Génio da noite") a natureza do seu drama, isto é, o "sonho" de romper a "treva", movido por "Um instinto de luz", na busca ("entre visões") do "eterno Bem".

*Aspectos formais e recursos estilísticos relevantes

De entre os recursos estilísticos presentes neste poema, salientam-se os seguintes:

- a apóstrofe ("Espírito que passas", "Filho esquivo da noite", "Tu só", "Tu só, Génio da noite" - vv. 1, 3, 4 e 14), evidenciando a interpelação do sujeito poético ao "Espírito" da noite, reiteradamente feita no poema;

- a personificação ("quando o vento/ Adormece" - vv. 1-2), conferindo um valor humano ao "vento";

- a comparação ("Como um canto longínquo" - v. 5), sublinhando a dimensão melódica encantatória da noite, que propicia o "esquecimento";

- a anáfora ("Tu") entre os versos 4, 8 e 14, marcando claramente o valor singular do "Espírito", do "Génio da noite", enquanto confidente;

- a antítese ("eterno Bem" vs "meu mal"; "luz" vs "treva"), revelando o carácter paradoxal da busca do "eu", a qual, visando atingir o "Bem", se constitui como o "mal" que atormenta intimamente o sujeito poético;

- o vocabulário associado à noite ("lua", "noite", "treva", "Génio da noite"), reiterando e amplificando o sentido anunciado pelo título do poema: "Nocturno" (temporal, mas também psicológico);

- as reticências, instalando a noção de suspensão do discurso e de prolongamento interior do pensamento

Em relação aos aspectos formais, temos, nomeadamente:

- composição poética: um soneto (duas quadras e dois tercetos, sendo o último destes a chave do poema);

- verso decassílabo;

- esquema rimático: ABBA/ ABBA/ CCD/ EED/; rima interpolada e emparelhada

*Importância do segundo terceto para a construção do sentido do texto

O segundo terceto é a chave do soneto, reiterando o papel tutelar da noite-confidente (já apontado no final da primeira quadra), mas, sobretudo, clarificando a natureza do "tormento" do "eu". Iniciada pela coordenativa "E", esta estrofe marca a continuidade em relação ao discurso anterior, tendo como objectivo reforçar a importância do "tu" enquanto única instância capaz de compreender o "mal sem nome" que domina o sujeito: "Tu só [...] e mais ninguém". Este facto é visível tanto no recurso, por duas vezes, ao pronome 'tu', como no modo de nomeação dessa entidade por "Génio da noite". Além disso, reitera-se o objecto da busca do "eu", isto é, o "ideal", o anseio do sumamente perfeito, "o eterno Bem", que provoca ao sujeito um sofrimento psicológico e físico, que é associado à doença ("febre", "que me consome").

GRUPO II
A produção de um texto expositivo-argumentativo visa avaliar, neste grupo, as competências de compreensão de enunciados ensaísticos e de leitura crítica de textos literários, bem como de expressão escrita. Ao classificar a resposta do examinando, o professor deverá observar o domínio das seguintes capacidades:

- compreensão da tese de leitura formulada no enunciado proposto;

- formulação de juízos (quer de confirmação, quer de refutação da opinião crítica apresentada) fundamentados em conhecimentos literários e em experiências de leitura;

- estruturação de um texto, com recurso a estratégias discursivas adequadas à defesa de um ponto de vista;

- produção de um discurso correcto nos planos lexical, morfológico, sintáctico e ortográfico.

EXPLICITAÇÃO DE CENÁRIOS DE RESPOSTA
As perspectivas de abordagem a seguir enunciadas consideram-se orientações gerais. Não devem, por isso, ser desvalorizadas as opiniões críticas que, não coincidindo com as linhas propostas, sejam devidamente fundamentadas. O texto produzido pelo examinando deve revelar um conhecimento autêntico, e não feito de lugares-comuns, da obra lida. A opinião crítica do examinando pode ser fundada em argumentos como os a seguir indicados.

- Caeiro considera que o "essencial é saber ver", "sem se estar a pensar", pois a verdade das coisas consiste na existência destas, tal como os sentidos, e especialmente a visão, as captam; recusa, por isso, a mediação redutora do pensamento, que, atribuindo significação ao real exterior, o adultera.

- Aberto "à eterna novidade do mundo", vendo de modo diverso cada instante, o poeta procura a proximidade física com a natureza e, olhando-a extasiado, com o "pasmo" primordial de uma "criança", goza a "variedade das sensações" (a mudança das cores na natureza, o calor do dia, o peso do corpo sobre a terra, etc.) que a experiência material das coisas lhe propicia.

GRUPO III
O resumo de um texto não literário visa avaliar as competências de compreensão e de expressão escritas. Ao classificar o resumo elaborado pelo examinando, o professor deverá observar o domínio das seguintes capacidades:

- compreensão da estrutura global do texto a resumir, manifestada numa selecção de tópicos convenientemente relacionados, que apresente o elenco de todas as ideias fundamentais;

- contracção da informação, traduzida numa extensão adequada aos requisitos enunciados na prova;

- produção de um discurso correcto nos planos lexical, morfológico, sintáctico e ortográfico.

EXPLICITAÇÃO DE CENÁRIOS DE RESPOSTA
Devem considerar-se os seguintes aspectos:

Estrutura informacional (nível do conteúdo)

*Preservação da informação nuclear do texto, através de:

- manutenção dos tópicos:

»efemeridade do teatro, resultante do carácter irrepetível de cada representação;

»dificuldades na elaboração da história do teatro, dadas as relações fugazes entre a representação, o público e o texto dramático, único elemento perdurável;

»contributo para a história do teatro dos actuais meios audiovisuais, insuficientes, porém, para o registo da reacção do público, componente essencial da arte dramática;

-manutenção da rede semântica relativa ao tema, no todo ou em parte, a qual deverá integrar vocábulos e expressões constantes do texto, ou seus equivalentes, tais como: teatro, artes, efémera, representações, peça, actores, formas teatrais, autor, público, texto dramático, espaço da cena, encenação, espectadores, história do teatro, história da literatura, historiador da arte dramática, instrumentos de trabalho, espectáculos.

Estratégias discursivas e linguísticas

*Organização da informação:

- discurso conciso; opção por construções mais económicas: supressão de estruturas sintácticas ou lexicais repetitivas; uso de um vocabulário genérico que substitua expressões nominais mais específicas (hiperónimos e expressões englobantes com valor anafórico); uso de frases complexas;

- manutenção do registo discursivo do texto-fonte, isento de marcas de enunciação do sujeito produtor do resumo;

- utilização de articuladores discursivos que dêem coesão ao texto e evidenciem nexos lógicos;

- controlo de mecanismos de coesão:

»referencial: carácter efémero da representação teatral; limitações à historiografia do teatro; papel dos meios audiovisuais;

»temporal: "até aos nossos dias"; "hoje".

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