Paulo Fernandes considera que o Governo "tem de olhar para o Ensino Superior como uma prioridade"
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Paulo Fernandes, de 23 anos, estudante finalista de Ciências Farmacêuticas, foi eleito presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC), numas eleições bem renhidas em que venceu por pouco mais de 80 votos, num universo de cerca de oito mil votantes. Tomará posse em meados de Janeiro, sucedendo a Fernando Gonçalves, que cumpriu dois mandatos.
Na primeira entrevista após ser eleito, Paulo Fernandes diz ter por grande objectivo a defesa dos direitos dos estudantes. E não põe de parte novas contestações, se o diálogo não surtir efeito.
JN|Quais as primeiras medidas a implementar na AAC?
Paulo Fernandes|Temos como bandeiras fundamentais a informação aos estudantes e a consciencialização do que se passa no Ensino Superior. Há um esvaziamento de estudantes, sobretudo na UC. Nesse sentido, vamos procurar estabelecer sinergias para que os estudantes do Secundário, quando estão para optar entre universidades, saibam que, aqui, a AAC oferece mais-valias que são únicas, como praticar diversos desportos e aumentar o seu nível cultural, através das várias secções. Enfim, mostrar-lhes que continuamos a ser a escola de vida que éramos no passado e pretendemos ser no futuro. Outra aposta é nas saídas profissionais, na empregabilidade, pois temos cada vez mais recém-licenciados que não entram no mercado de trabalho. É preciso uma aposta forte e procurar que os estudantes da UC sejam dos primeiros a ser recrutados para o mercado de trabalho. Para isso, queremos estabelecer protocolos com diversas empresas, onde os estudantes possam estagiar e, futuramente, ficar empregados.
Que outros objectivos tem para o seu mandato?
Em 2007, comemoram-se os 120 anos da AAC. É um marco histórico e vamos mostrar a diversidade cultural e as mais-valias da AAC. Será uma grande gala em que vamos procurar convidar todas as pessoas que passaram por aqui. Também no próximo ano, em princípio, o Campo de Santa Cruz estará ao serviço de todos os estudantes, mas também da própria população de Coimbra. Vamos procurar que seja um espaço com vida, onde seja agradável estar, tal como na sede da AAC.
Qual a sua opinião acerca da política do Ensino Superior?
Tem havido, por parte dos últimos governos, uma aposta de subfinanciamento do Ensino Superior. É preciso, de uma vez por todas, ver o Ensino Superior como um motor de desenvolvimento do próprio país. Tem de haver uma prioridade que passa pela qualificação das pessoas. Portanto, não podemos continuar a ver cortar o financiamento às instituições que, aliás, já estão no limiar do seu funcionamento. O Governo terá definir uma vertente diferente e olhar para o Ensino Superior como uma prioridade e não como um gasto no Orçamento de Estado.
Haverá contestação ou prefere promover o diálogo?
A AAC nunca pode descurar nenhuma forma de luta. Contudo, a primeira solução não é fazer manifestações de rua. Vamos procurar sempre em primeiro lugar estabelecer o diálogo com quem de direito, procurar soluções para que a vida dos estudantes seja melhor. Mas caso isso não aconteça, iremos fazer o necessário para que os direitos dos estudantes não sejam melindrados.
É a favor ou contra o pagamento de propinas?
Com o orçamento de uma família normal portuguesa, é praticamente impossível colocar um filho no Ensino Superior. E isso tem a ver também com as propinas, cujo valor é extremamente elevado, incomportável. Por princípio, a AAC é a favor do ensino gratuito, universal e de qualidade. Somos a favor de uma propina zero, para que ninguém fique de fora do Ensino Superior por não ter possibilidades económicas.
Qual vai ser a relação da nova Direcção-Geral da AAC com o reitor da UC?
Temos que aguardar pelo processo eleitoral para a Reitoria e ver se realmente este reitor é reeleito. Contudo, a Academia não pode esquecer o que aconteceu no passado, aquilo que o reitor disse. Ele foi apoiado pelos estudantes quando se comprometeu com algumas premissas que passavam por não aumentar as propinas ou por nunca chamar a polícia ao espaço da Universidade. E a verdade é que a chamou. Agora, a questão é se, no futuro, é mais benéfico ou não, para os estudantes, a AAC estar de costas voltadas para a Reitoria. A meu ver, acho que tem de haver sempre relações com a Reitoria para que possamos defender não só a Universidade, mas também os estudantes.
É filiado em algum partido? A sua campanha teve apoios de estruturas políticas?
Não tenho filiação partidária. Sempre fui e sou independente. Tenho ideias, por um lado mais de Direita, por outro mais de Esquerda. Mas quando entramos para a DG temos de defender a AAC e os estudantes. Quanto à campanha, tivemos apoios de amigos e familiares. Desde início assumimos uma campanha independente, porque nós somos da AAC e não nenhuma filial de qualquer estrutura partidária.
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