Ministra não quer jogos nas aulas
0 Comments Published by . on domingo, novembro 05, 2006 at 7:09 da tarde.Foi debaixo de assobios e protestos contra a forma como estão a ser leccionadas as aulas de substituição nas escolas que a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, foi recebida ontem em Vila do Conde.
A governante admitiu que algumas aulas de substituição são encaradas como “meros espaços para jogos ou para entretenimento” e garantiu que vai exigir a sua melhoria qualitativa.
A governante, que se preparava para participar numa cerimónia de ratificação das primeiras 38 cartas educativas do País – como avançado ontem pelo CM – não escapou ao coro de protestos das centenas de alunos das escolas secundárias e dos 2.º e 3.º ciclos da cidade. Cátia Sousa, da Secundária José Régio, queixou-se de que as aulas de substituição “não têm qualquer utilidade prática, limitando-se a pôr os alunos fechados 90 minutos dentro de uma sala”. Perante as queixas dos alunos, Maria de Lurdes Rodrigues admitiu rever a forma como estas aulas estão a ser dadas. “Esses tempos lectivos têm de ter qualidade para permitir aos alunos tirar partido deles para melhorar os resultados escolares.”
A ministra sublinhou que, no caso do ensino secundário, não estão em causa crianças, mas alunos que têm “muita maturidade e a maior parte deles sabe organizar o seu trabalho”. A governante frisou que os alunos do secundário não são crianças que é necessário “entreter”. E porque o insucesso ao nível do secundário ronda os 50 por cento, as escolas e o Ministério da Educação “têm obrigação de dar garantias de que o tempo de escola é aproveitado para a recuperação das matérias quando há ausência do docente”.
Apesar de não ter apontado de quem é a possível “falha” por esta situação, Maria de Lurdes Rodrigues prometeu agir e falar com os conselhos executivos para “perceber o que se passa”.
As aulas de substituição foram criadas em 2005, destinadas a combater os ‘furos’ nas escolas. Quando um professor falta, a escola deverá providenciar que outro docente ocupe a turma.
Em Fevereiro, o primeiro-ministro José Sócrates anunciou que o combate aos furos escolares também iria chegar ao secundário. Em Junho, o Ministério da Educação decidiu que as actividades desenvolvidas nas aulas de substituição devem ser registadas no livro de ponto da turma e o sumário deve ser assinalado pelos alunos no caderno diário.
Mas os protestos dos alunos em Vila do Conde não se cingiram às aulas de substituição. A maior parte dos estudantes insurgiu-se contra a “falta de informação”, por parte do Governo, em relação aos exames de acesso à faculdade.
Daniel Seabra, aluno do 12.º ano da Escola Afonso Sanches, explicou que “há alunos que fazem parte de um plano curricular antigo e não fazem a mínima ideia de como vão ser as provas de ingresso”. A ministra assegurou que os exames vão incidir sobre “matérias comuns para todos os alunos para que estes possam ser seriados em efectiva igualdade de oportunidades”.
SINDICATOS TEMEM FIM DAS ASSOCIAÇÕES
Os sindicatos de professores e o Ministério da Educação (ME) reúnem-se hoje pela última vez para discutir o Estatuto da Carreira Docente. Serão realizadas quatro reuniões com os vários sindicatos. Os primeiros a serem recebidos pelo secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, são os representantes da Fenprof.
Mário Nogueira, dirigente da federação sindical, referiu ao CM que a estrutura pondera pedir um período de negociação suplementar e vai pedir pareceres a constitucionalistas sobre o documento final. Mário Nogueira explicou que um dos pontos de discussão será a proposta do ME para que as associações de professores só possam ter docentes requisitados (actualmente são destacados).
“Significa que vão ter de pagar-lhes, o que pode significar o seu fim.”
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