Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


REALIDADES-9: Alcoolismo na origem de violência

A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) de Carrazeda de Ansiães já solucionou 60 casos, desde que iniciou funções há quatro anos. Violência física, psicológica e negligência são os principais problemas, que, em boa parte, têm uma origem comum alcoolismo. Actualmente, apenas uma criança continua numa instituição de acolhimento, dado que os pais não têmcondições económicas para que regresse a casa. Mas, em breve, mais cinco deverão em breve ser institucionalizadas: duas já têm um lar, as outras aguardam colocação.
Para a presidente da CPCJ, Natália Pereira, as maiores dificuldades de institucionalização surgem quando o processo envolve várias crianças da mesma família. "Temos a preocupação de não separar irmãos, daí que se procurem instituições que os recebam a todos", nota. Em primeiro lugar, procuram-se no distrito de Bragança. Só depois a busca é alargada a outras zonas do país. "Até agora não foi necessário mas não hesitaremos em fazê-lo. O que queremos é retirar as crianças de situações de risco", acrescentou.

Sem comer nada
Os maus-tratos físicos continuam no topo da violência sobre crianças e jovens. Alguns deles graves. Mas não só. "Os maus-tratos psicológicos são, por vezes, piores". A negligência também é apontada como motivo de denúncia à CPCJ há crianças que vão de manhã para a escola "sem comer nada": outras não têm em casa "alimentação adequada".
A falta de assiduidade às aulas também preocupa a comissão. "É triste saber que os pais têm conhecimento de que os filhos faltam à escola e não tomam qualquer atitude", salienta Natália Pereira, assumindo que, no fundo, a comissão acaba por se "substituir à família em muitas situações". De resto, chama os pais para com eles reunir e tentar chegar a um entendimento.
A dirigente revela que muitas mães não dão uma alimentação correcta aos filhos, simplesmente "porque não sabem cozinhar". Nesses casos, e nos que envolvem falta de higiene, "dá-se orientação para que melhorem o seu comportamento para com os filhos".

Casos desconhecidos
Natália Pereira, que é também vice-presidente da Câmara, acredita que o concelho de Carrazeda de Ansiães não é mais problemático que os outros da região de Trás-os-Montes e Alto Douro. No entanto, não tem a mínima dúvida de que no município haverá "muitos mais casos" ainda desconhecidos da comissão e que requerem a sua actuação.
É por isso que Natália Pereira exorta a população a denunciar casos de violência sobre crianças e jovens. "Sem medo. O processo é totalmente sigiloso", garante.
"Pela maneira como certos pais reagem à actuação da comissão, nota-se que ficam gratos se se actuar". As palavras de Natália Pereira são críticas. "Pensa-se que se está a ajudar a criança , mas, na realidade, o que se está a fazer é retirar a responsabilidade que cabe aos pais", alerta a presidente da Comissão.
A Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Carrazeda de Ansiães tem tido a preocupação de fazer "um rigoroso diagnóstico de cada caso, antes de tomar decisões". "É preciso conhecer bem a situação em que o menor se encontra antes de actuar. A institucionalização é a última coisa a seguir", diz.

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