Professoras Desesperadas

Inexistência de intoxicação e de quaisquer substâncias contaminantes ou poluentes. São estes os resultados das análises efectuadas aos 29 alunos da Escola Básica dos 2.º e 3.º ciclos dos Pombais, em Odivelas, que ontem e na segunda-feira foram transportados às urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, por apresentarem problemas respiratórios e fortes cefaleias.
Os médicos chegaram a considerar que a reacção era mera sugestão dos alunos, o que provocou a ira nas dezenas de pais que ontem ao final da tarde compareceram junto dos portões do estabelecimento de ensino. «A minha filha sentiu-se mal na segunda-feira à noite e o que deram a entender é que poderia ser uma invenção dos miúdos. Mas ela continua a não se levantar da cama, por isso vou voltar com ela ao hospital», garantiu Isabel Sousa, mãe da pequena Ana Soraia.
A falta de uma resposta concreta leva a maioria dos encarregados de educação a acreditar que o corte de um denso canavial, situado junto à escola, realizado no sábado pela Junta de Freguesia, possa ser a principal razão para os problemas respiratórios registados.
«Há cerca de dois anos também houve um grande corte de canas e, na altura, três ou quatro crianças tiveram de receber tratamento médico com sintomas idênticos a estes", corroborou Carlos Dinis, comandante dos Bombeiros de Odivelas, que socorreram 26 alunos, além dos três que foram transportados ao hospital pelos próprios progenitores. "Comecei a sentir uma falta de ar e umas dores muito grandes de cabeça e nas pernas. No hospital fizeram-me análises e como não acausaram nada, os médicos disseram aos meus pais que era um problema na escola", contou Brian Pina, de 11 anos, aluno do 5.º ano.
Durante a tarde de ontem, o silêncio adoptado pela escola causou o descontentamento entre os encarregados de educação. «Isto é uma vergonha, ontem as crianças foram para o hospital e em vez de terem encerrado logo ainda permitiram que todos os outros alunos ficassem sujeitos a esta alergia», acusava Isabel Santos, uma das mães. Hoje, os portões do estabelecimento estão encerrados, mas devido a um corte no abastecimento de água e não por causa dos incidentes registados nos últimos dois dias.