Professoras Desesperadas

Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.


Seis vezes mais professoras no desemprego

O grau de empregabilidade dos cursos mais ligados ao Ensino, Ciências Sociais, Línguas e Gestão é fraco, pelo menos quando o indicador é o número de desempregados por área científica da licenciatura. Informática dá o exemplo contrário - apenas uma desempregada no final de 2006. Os últimos dados disponíveis indicam mais que as mulheres representam 72% do desemprego qualificado, sendo já seis vezes o número de homens nos cursos para formação de professores (7370 contra 1201). No que respeita às regiões, o Norte do país (42%) continua a bater recordes.
O ministro Mariano Gago deverá tornar público, no curto prazo, um estudo aprofundado sobre a empregabilidade dos cursos, recorrendo a dados dos ministérios do Ensino Superior e da Segurança Social. O JN procurou, por seu lado, o retrato possível com base em dados inéditos trabalhados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) em exclusivo para o JN.
O retrato obtido pela estatística dos desempregados licenciados inscritos nos centros de emprego mostra também que 60% (20 905) se situa na faixa etária dos 25-34 anos, e que apenas 6550 tem menos de 25 anos. Estes dois factos interligados fazem suspeitar que há um número significativo de desempregados de longa duração, isto é, há mais de um ano sem colocação. No entanto, o IEFP não pôde quantificar com exactidão essa realidade.
Adriana Machado é formada em Engenharia Civil, curso que nem sequer aparece na longa listagem de licenciados desempregados (ver 15 principais na infografia). Em Outubro de 2005, altura em que era finalista na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, aconteceu o tradicional Fórum Empresas. Os alunos deixam o currículo nas empresas que escolhem e depois aguardam por um golpe de sorte. A fortuna chegou em Março. Adriana Machado foi chamada para um estágio remunerado na construtora Soares da Costa. E nem sequer era licenciada. Só terminou o curso em Julho de 2006. Era uma aluna com média de 13, mas mostrou-se extrovertida na entrevista e acredita que isso fez a diferença. Entrou para o quadro há um ano e diz-se surpreendida com a facilidade que teve em conseguir emprego.
"Tenho colegas das áreas de Letras, Psicologia e Fisioterapia que não conseguem trabalho e uma partiu mesmo para o estrangeiro", conta Adriana Machado.
Os dados mais recentes mostram que o desemprego qualificado veio para ficar. Em Agosto, o número global de desempregados desceu, à excepção do grupo dos licenciados. Se em finais de 2006 eram pouco mais de 34 mil, em Agosto último atingiam os 41 mil. No início de Setembro, a ministra da Educação classificava mesmo como dramática a não- -colocação de 45 mil professores. "O nosso sistema de ensino não está em fase de crescimento, pelo contrário, está em fase de retracção. Temos cada vez menos alunos no Ensino Básico e, portanto, não há condições para responder às expectativas destes diplomados", alertou então Maria de Lurdes Rodrigues.
Sintomático do excesso de licenciados relativamente à oferta de empregos é o facto de um recente concurso para a admissão de 100 licenciados na Autoridade para as Condições de Trabalho, cujo resultado ainda não é conhecido, ter tido 10 mil candidatos. "É possível que existam desempregados entre os licenciados candidatos, mas não estou em condições de quantificá-los", afirma Paulo Morgado de Carvalho, presidente da Autoridade que substituiu a Inspecção-Geral do Trabalho. Direito (45 vagas) e engenharias (25 lugares) foram as áreas com maior oferta num concurso para a Administração Pública que fica na História por ter tido 100 vezes mais candidatos do que as vagas oferecidas.

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